terça-feira, 23 de outubro de 2012

 Falando um Pouco de Leitura

Olá a todos!

Meu depoimento refere-se a uma experiência vivida logo ao primeiro ano de docência com uma sala de 6o ano. Trabalhava como monitor em uma escola particular em São José do Rio Preto, e me gostava a ideia de ser o melhor professor em termos de ciência do conteúdo, de didática e pronto para entrar em qualquer frente. Animava-me ainda a ideia de ser o melhor dentre os melhores em minha profissão, o que, para o qual, estudava muito, fazia e refazia exercícios, preparava lousas e materiais digitais, etc etc etc.
Um dia fui chamado a substituir uma classe de 6o ano. Apenas tinha de seguir a apostila. E, cansado da competição entre professores no ensino privado, me limitei a fazer isso. Comecei com um texto chamado Fita-Verde no cabelo, de Guimarães Rosa, e iria responder algumas perguntas na apostila.
Imaginei um texto tonto, tendo em vista a seriação a que seria feita e o tipo de perguntas que se seguia.
Expliquei a matéria aos aunos e comecei a ler o texto com eles (texto o qual não o conhecia). A leitura porém foi tão prazerosa e tão cheia de significados que, apesar da professora já ter lido com eles aulas anteriores e eu só estar cumprindo horário, respondendo as questões, ou seja, finalizando a atividade da professora, o texto me encantou tanto, que decidi parar a aula e recomeçar a leitura.
Pedi para os alunos guardarem material, ficar apenas com o texto na carteira e começamos a ler, explorando linha a linha, palavra a palavra, referência literária a referência literária, significado a significado.
Foram duas aulas homéricas verdadeiramente. Saímos todos esgotados, encantados com a leitura. Desconheço em minha vida maior descoberta intelectual como essa aula e sei que para os alunos também. Veio pais perguntarem que tipo de aula era aquela, incluisve professores pais de alunos me elogiaram, coisa difícil num meio tão competitivo, felizes que estavam com a alegria que os filhos deles demonstraram em casa.
Eu saí esgotado, parecia que tinha treinado jiu-jtsu por toda a tarde, sem força muscular, suado por todo o corpo, exigindo água, sem condições de fazer mais nada em termos de aula.
Valeu a pena. Claro.
Agora toda leitura busco esse tipo de vivência.

Felipe Mendes

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